segunda-feira, 27 de maio de 2013

Cultura da Mobilidade

Resenha crítica: Cultura da Mobilidade*
                             
            O artigo Cultura da Mobilidade, cujo autor é André Lemos (professor do programa de Pós-graduação da UFBA/BA/BR), trata da necessidade de mobilidade que é inerente ao homem, analisando-a por diferentes aspectos, sejam eles tecnológicos, sociais ou antropológicos, além de ter a comunicação como principal foco de análise, tratando a atual mobilidade como locativa.
O objetivo deste artigo é discutir sobre as mudanças ocorridas ao longo do tempo, que tornaram possível uma cultura de mobilidade muito mais disseminada, abrangendo espaços físicos, pessoas, informações, tecnologia e objetos. Ao tratar sobre a mobilidade locativa defende-se a ideia de que ela facilita a descoberta e aprimora o conhecimento de novas culturas.      
O ser humano é um ser social, ao qual é nata a capacidade de adaptação e alojamento em diferentes grupos e culturas, porém há também uma necessidade de isolamento, particularização e privacidade. A mobilidade transita entre esses dois polos, e por meio da comunicação é possível o deslocamento, pois ela se estabelece nessa dinâmica do móvel com o imóvel e implica na saída da “zona de conforto” (particularização, privacidade) rumo às novas descobertas e diferentes diálogos.
            Entretanto, há vários tipos de mobilidade: a física, informacional-visual, social, entre outras. No mundo contemporâneo o acesso a informações, capacidade de deslocamento por meio de meios de transporte, divulgação de notícias e apreensão de conhecimento, acontece de maneira rápida e eficiente, demonstrando a capacidade de fusão entre estas tantas formas de mobilidade humana.
            Salienta-se que a aliança entre comunicação, espacialização e mobilidade é pouco estudada, porém é relevante a observação destes três pontos para que seja definida a dinâmica da sociedade atual. Hoje, graças à internet, redes wifi, blogs e sites de relacionamento, as possibilidades de consumir, produzir e distribuir informação são muito maiores.
            É ressaltado ainda que as diversas faces da mobilidade compartilham do mesmo objetivo, ainda que de maneiras diferentes e que elas podem fazer parte de um mesmo contexto. Porém, é necessário que haja a politização, planejamento e democratização da mobilidade, para que ela possa ser disseminada nos diferentes grupos sociais.                        Portanto, apesar da extensibilidade (capacidade e habilidade de deslocamento), acessibilidade (possibilidade de alcançar certos pontos) e rapidez terem se tornado ícones da época atual, e de não só a divulgação de informações, mas também o deslocamento físico e as mudanças de grupos sociais (ascensão) acontecerem de maneira muito mais acelerada, ainda há muita desigualdade social e isto dificulta a democratização da mobilidade. A velocidade com que se tem acesso à internet e os conhecimentos intelectuais e culturais dos indivíduos são fatores que influenciam este processo. Por isso deve existir um planejamento bem estruturado que considere estas questões e proponha as devidas soluções para estes paradigmas.
            Considera-se também que a mobilidade acontece entre o processo de desterritorialização e territorialização e é capaz de alterar o ambiente já existente e também de criar novas espacializações. Essa nova modalidade de espaço informacional pode significar acomodação, já que tudo está ao alcance das mãos, mas pode também ser vista como comodidade, facilitando a busca de conhecimentos.
Assim, a globalização pode ser uma janela para outros mundos e uma ferramenta para ultrapassagem das fronteiras impostas pela geografia. A mídia contemporânea ressignificou os sentidos de espaço, tempo e serviços, mas se vista pela ótica de que este “novo mundo” é uma forma de alienação e de afastamento da realidade, será encarada de maneira negativa.
Enfim, defende-se a articulação entre as diferentes mobilidades, salientando que todas elas se complementam e que as mídias, sites de compras, internet e redes sociais foram criadas com o intuito de complementar as diversas formas de comunicação e distribuição de informações e serviços já existentes.
Portanto, a mobilidade existe para adicionar qualidades informacionais, dimensionando os lugares de acordo com as mudanças na sociedade, e aprimorar as características e formas já existentes nesses espaços. Os lugares servem como pilares em que se apoiam as novas tecnologias, onde é possível compartilhar, narrar e contatar informações produzidas por qualquer indivíduo.

* Resenha Crítica do texto: LEMOS, André. Cultura da Mobilidade. Porto Alegre: Revista FAMECOS, nº 40, dez, 2009. Elaborada por Eline Morais Pinheiro, bolsista de IC do Projeto ‘Mobilidade e Reconfigurações do Espaço Urbano’, orientado pela Profa. Adriana Cordeiro.


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